Textos

Tomando balanço

thompson11

William Faulkner, na Universidade da Virgínia, EUA, 1957.

Ler entrevistas de outros escritores sempre foi algo que me agradou. O Faulkner discordaria, dizendo que um escritor deve ocupar o seu tempo a escrever e não preocupado com os demais, mas há amiúde palavras que se encontram capazes de confortar o espírito — conforto e contentamento, tudo coisas que o norte-americano diria, mais uma vez, nada terem a ver com a arte e em nada fazerem um escritor. Mas se a escrita é para ser feita sozinha, a conversa silenciosa com alguém que já morreu pode bem ser um trunfo.

E são estas leituras, talvez, o melhor entretém de quem procura as palavras que não deveria assim encontrar. Dizia o Henry Miller que um escritor não devia pensar no momento de escrever: “You see, I think it’s bad to think. A writer shouldn’t think much.”

Há, depois, estas incógnitas coincidências: entrando na Paris Review, como por vezes faço, seleccionei ao acaso a entrevista ao Faulkner, em Nova Iorque, 1960, e uma outra feita em Londres, ao Henry Miller, seis anos mais tarde. E as duas não apenas se conjugam entre si como me calham bem, após meses de pouca escrita e demasiadas frases ensaiadas sem que o caminho me agrade.

Afinal, concluía o Faulkner: “(A writer) must never be satisfied with what he does. It never is as good as it can be done. Always dream and shoot higher than you know you can do. Don’t bother just to be better than your contemporaries or predecessors. Try to be better than yourself. An artist is a creture driven by demons.”

Hugo Picado de Almeida

Standard

Escrever um comentário